Carta ao Feminino: Sobre o Amor e a Eternidade

Querida,

Eu escuto o teu desejo.

Essa vontade de que o amor dure para sempre, que não se desfaça, que seja abrigo e promessa, segurança e eternidade.

Eu entendo — de verdade. Porque no fundo, todos nós queremos algo que nos proteja do fim, da perda, da impermanência. Algo que diga: “Você está salva aqui.”

Mas preciso te falar, com todo respeito e honestidade:

Eu não posso prometer o que não está nas minhas mãos.

O amor não é uma linha reta, nem um contrato fixo. Ele é chama — e como toda chama, precisa de ar, de espaço, de alimento. Se o cercamos de exigências, ele se apaga. Se o amarramos com medo, ele deixa de respirar.

Eu posso te oferecer presença. Verdade. Cuidado. Mas não posso te dar eternidade — porque nem eu a tenho. O que posso prometer é que, enquanto houver verdade entre nós, estarei por inteiro. Não fingindo, não pela metade.

Se um dia os caminhos mudarem, não será falta de amor. Será apenas a vida fazendo o que ela faz: mudar, transformar, ensinar.

Mas enquanto for entre nós, será de verdade.

E talvez isso — a verdade — seja a nova forma do eterno.

Com afeto.

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