Os olhos de Zaratustra tinham visto um mancebo que evitava a sua presença. E, uma tarde, ao atravessar sozinho as montanhas que rodeia a cidade, encontrou esse mancebo sentado ao pé de uma árvore, dirigindo ao vale um olhar fatigado. Zaratustra agarrou a árvore a que o mancebo se encostava e disse:
“Se eu sacudir esta árvore com minhas mãos não poderia; mas o vento que não vemos açoita-a e dobra-a como lhe apraz. Também a nós invisíveis nos açoitam e dobram rudemente”.
A tais palavras o mancebo ergue-se assustado dizendo: “Ouço Zaratustra, e positivamente estava a pensar nele”.
“Por que te assustas? o que sucede à arvore sucede ao homem. Quanto mais se quer erguer para o alto e para a luz, mais vigorosamente enterra as suas raízes para baixo, para o tenebroso e profundo: para o mal”.
Assim falou Zaratustra – Da árvore da montanha
Friedrich Nietzche
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