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EL MUNDO HUMANO DEL ESPACIO Y DEL TIEMPO

Quanto à importância da análise filosófica:

Evidentemente, seria impossível escrever um livro de “antropologia filosófica” sem tratar de dois temas fundamentais para a filosofia kantiana: o espaço e o tempo. O autor lembra que o espaço e o tempo, no pensamento mítico, são “as grandes forças misteriosas que governam todas as coisas, que governam e determinam não apenas a nossa vida mortal, mas as dos deuses também. Ao tratarmos do tempo e do espaço, o problema do conhecimento inato e empírico se ergue mais uma vez. Contudo, Cassirer sempre se esquiva deste que é um “problema interminável” e aponta para a importância de examinarmos o “espaço simbólico”.

O espaço simbólico/abstrato: 

A conquista humana da ideia do “espaço abstrato” mais uma vez marca a fronteira entre o mundo humano e o mundo animal. O advento do espaço simbólico parece ter sido conquistado pela primeira vez na história da cultura com a astronomia babilônica em sua forma mítica, a saber, a astrologia: “En ella encontramos la primera prueba definitiva de um pensamiento que trasciende la esfera de la vida práctica concreta del hombre, que trata de abarcar el universo entero en una visión comprehensiva. Por esta razón, la cultura babilónica ha sido considerada como el comienzo de toda vida cultural; de ahí que muchos sabios hayan sostenido que todas las concepciones mitológicas, religiosas y científicas del género humano provienen de esta fuente”. Somente com Kepler que a astronomia científica irá substituir a visão mítica celeste da astrologia. Aqui, neste ponto, não podemos esquecer que, para o neokantiano Cassirer, tudo é símbolo. Portanto, “la forma falsa y errónea del pensamiento simbólico preparó la vía para un nuevo simbolismo verdadero, el de la ciencia moderna”.

O tempo e a memória na relação passado-presente:

Ao tratar do tempo, Cassirer traz dois conceitos importantíssimos para o mundo humano da cultura: a memória e a herança, mostrando que as futuras ações de um organismo dependem da cadeia de sinais, sinais que devem estar em complexa conexão. Contudo, o conceito de memória em antropologia é diferente do que estamos acostumados. Muito mais do que uma mera lembrança de um fato anterior, a repetição de um passado, é uma ressurreição do passado que implica em um processo criador e construtivo. Mais do que recordar fatos passados, o homem relembra, organiza, sintetiza-os, junta-os num mesmo foco de pensamento. A memória simbólica é uma interiorização e intensificação, o que significa uma interpretação de todos os elementos de nossa vida passada. Cassirer nos traz exemplos de poetas e pintores que nas autobiografias e nos autorretratos trabalham com essa reconstrução de seus passados, que é a memória simbólica nos casos de Goethe, Rembrandt e Agostinho.

O futuro simbólico:

No trato do tempo, vemos Cassirer desenvolver a relação do “futuro simbólico”, que, segundo o autor, pertence ao reino da prudência e da sabedoria. Mais do que mera expectação, o futuro simbólico supera os limites da vida empírica. Cassirer o define também como “futuro profético” para deixar clara a diferença entre os profetas e os advinhos, estes meros anunciadores do que haveria por vir: “La profecía no significa, simplemente, predicción sino promesa. Éste es el nuevo rasgo que aparece com claridad por primera vez en los profetas de Israel, Isaías, Jeremías y Ezequiel. Su futuro ideal significa la negación del mundo empírico, el “fin de los tiempos”; pero contiene, al mismo tiempo, la esperanza y la seguridad de un nuevo cielo y de una nueva tierra. También en este caso el poder simbólico del hombre se atreve más allá de los límites de su existencia finita. Pero esta negación implica un acto nuevo y grande de integración; señala una fase decisiva en la vida ética y religiosa del hombre”.