Hume no Cotidiano

Minha profissão consiste em reparar falhas de sistema.

Para isso, a partir de um efeito, é necessário encontrar a causa e, sobre esta, aplicar uma solução para evitar que o efeito ocorra novamente.

Em geral, o que ocorre, por força do hábito, é generalizar as causas com base em experiências passadas, aplicando assim, soluções que não resolverão o problema. Como se diz: para quem só sabe usar um martelo, todo problema é um prego.

Existe também o que chamamos de problemas reincidentes. Estes ocorrem por que ainda não se aplicou uma solução na causa efetiva do problema. Neste caso, as soluções aplicadas limitam-se à reparação dos efeitos do problema.

Assim. tanto para um problema novo, como reincidente, é preciso deixa o hábito de lado caso o objetivo seja chegar à causa real do mesmo.

Ao deixar o hábito de lado, é preciso cercar-se de uma investigação quanto à semelhança e contiguidade no tempo ou no espaço.

– Semelhança (e também “não-semelhança”): Verificar evidências de casos semelhantes que apresentaram o mesmo efeito. O mais importante entretanto é comparar com casos semelhantes que por sua vez não apresentaram o mesmo efeito. Ao comparar estes casos – os casos que apresentaram os mesmos efeitos dos casos que não apresentaram – as diferenças entres esses apontarão a causa do problema-efeito.

– Contiguidade no tempo ou no espaço: Quando não se verifica nenhuma diferença, faz-se necessário também avaliar a partir de que momento e/ou onde exatamente o efeito começou a se manifestar. Um efeito é percebido geralmente em um determinado momento, por alguém, em algum lugar. É preciso portanto, avaliar se o efeito também é percebido por qualquer um em qualquer lugar em qualquer tempo. A causa do problema será um evento ocorrido em um determinado momento e/ou ocasionado por determinada pessoa e/ou ocasionado em função das condições de um determinado ambiente físico.

O que assim geralmente se faz por meio do hábito para se chegar aos efeitos de um determinado fator causante, não é a soluções para se percorrer o caminho inverso, quando faz-se necessário descobrir a causa a partir de seus efeitos.

No caso dos softwares, quando se encontra a causa do problema, o mesmo pode ser reproduzido e assim, inevitavelmente, encontra-se a conexão entre causa e efeito. Pode-se falar em conexão, pois da causa entende-se como o efeito se produziu.

Mas isso é no mundo das exatas…. mas será apenas no mundo das exatas?

Não poderíamos usar esse método também para resolver os problemas da vida?

<continua…>

O método apresentado acima me permitiria, partido dos efeitos conhecer a causa, ainda que o objeto me seja desconhecido?

Este método é semelhante também ao conceito das tábuas de Francis Bacon: de presença, de ausência e de comparação (ver link https://filosofiaemacao.com.br/?p=2067)

 

 

 

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