FILOSOFIA MODERNA I: REFLEXÕES FILOSÓFICAS PARA GRAU B – Questão 3

Questão 3

Ubirajara T Schier

3. Desenvolva as principais características do conceito de estado de natureza de Hobbes e qual a relação que estabelece Hobbes entre estado de natureza e o Estado de sociedade. Explique qual o papel que tem o instinto de conservação, conatus, na antropologia filosófica e na filosofia política de Hobbes.


 

Hobbes defende que em seu estado natural, todos os homens são iguais, porém, quando desejam algo que não pode ser compartilhado, se tornam inimigos por natureza. Isso leva à uma condição natural da existência humana caracterizada por um permanente estado de guerra de todos contra à todos. Apesar disso, é a busca pela paz e segurança que leva à guerra, e, portanto, não pode ser a guerra um estado permanente entre os homens, pois não é isso que no fundo eles desejam. Assim, se fazem necessárias as leis, para estabelecer um acordo entre os homens que vivem em sociedade.

O estado de natureza do homem para Hobbes explica de que forma ele se comporta em relação à outros homens em seu estado natural, sem qualquer influência de um poder externo ao homem. Para Hobbes, o homem em seu estado de natureza é em sua essência egoísta, valendo-se de força e poder para assegurar não apenas seus desejos instintivos (conatus), mas também visando o benefício próprio (lucro), sua segurança (auto- preservação) e sua reputação (ego).

O estado de natureza do homem reflete sua incapacidade de viver em paz entre outros homens, ao mesmo tempo em que um estado de guerra de todos contra todos também não pode ser permanente. É por isso que, para sair deste estado de natureza de que o homem necessita para protegê-lo dele mesmo, faz-se necessário um instrumento, o estado social. Neste estado social, os homens transferem seus direitos à um poder soberano que, em troca, proporcione segurança e paz para que os homens possam viver uma realidade diferente do seu estado de natureza – que é de guerra de todos contra todos.

O conatus funciona como uma força interior do homem que o move em direção àquilo que o satisfaz ao mesmo tempo que também o move na direção oposta daquilo que o desagrada. Essa tendência natural do conatus nos homens é que levam à disputa e à guerra de todos contra todos. Em contra-partida, o instinto de conservação, ao mesmo tempo em que se vale da força para se auto-preservar, sabe que atacar e se proteger não podem ser um estado de vida permanente e entende assim, a paz como meio para estabilização de um modo de vida seguro. Estas duas forças definem as condições que precisam ser estabelecidas para que o homem possa viver em sociedade, bem como, as condições de organização política que essa sociedade (no caso o Estado soberano) precisa apresentar para que o homem consiga viver em paz e em sociedade apesar do seu estado de natureza.

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