FICHAMENTO: RUIZ, Castor Bartolomé. A regra da vida (regula vitae), fuga e resistência ao controle social. Revista IHU On-line 468

REFERÊNCIA

RUIZ, Castor Bartolomé. A regra da vida (regula vitae), fuga e resistência ao controle social. Revista IHU On-line, São Leopoldo: Instituto Humanitas Unisinos. Ano XV. Nº468. 29 de Junho de 2015. Acesso em: 15/06/2022.

 


FICHAMENTO

#Agamben : regra, fuga e resistência social

Agamben, com Foucault, coloca-se a questão: é possível pensar numa forma-de-vida que extrapole os dispositivos biopolíticos de controle social? É possível uma vida além da sua instrumentalização utilitária? É possível uma vida além da administração e do direito? A maquinaria biopolítica retroalimenta-se através da fabricação de modos de subjetivação acordes com a racionalidade instrumental. Agamben e Foucault exploraram em suas pesquisas a questão: há possibilidade de criar uma forma-de-vida como linha de fuga e resistência aos modelos instrumentais de subjetivação? Os conceitos de fuga e resistência tornar-se-ão, nesta pesquisa, muito mais do que uma metáfora — a fuga será um princípio motivador das formas-de-vida pesquisadas por Agamben, e a resistência, uma prática de si recursiva destes modos de vida”. (CASTOR, 2015. p.10)

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Outro pensador contemporâneo que vem desenvolvendo pesquisas sobre a filosofia como forma de vida é Giorgio Agamben.4 Assim como Foucault, o interesse de Agamben pela filosofia como forma de vida situa-se no contexto das pesquisas sobre biopolítica. A biopolítica se caracteriza pela instrumentalização utilitária da vida humana como um insumo dos dispositivos de poder. Segundo Agamben, a biopolítica moderna desenvolveu dois dispositivos fundamentais nessa captura, o dispositivo da exceção e o dispositivo da governamentalidade. Exceção e governamentalidade se articulam na maquinaria biopolítica contemporânea que administra a vida como um elemento útil, e quando esta se insurge contra a gestão e não pode ser controlada administrativamente, sofre a ameaça da exce- ção convertendo-a em homo sacer. (CASTOR, 2015. p.11)

A maquinaria biopolítica normatiza as subjetividades produzindo sociedades de massa e a massificação como elemento manipulável pelos dispositivos midiá- ticos, entre outros. A biopolítica produz uma ingente maquinaria de dispositivos de controle social que formata as subjetividades padronizando-as em modelos preestabelecidos por administradores corporativos ou estatais. A biopolítica gerencia a vida como insumo útil. Para tanto normaliza os indivíduos em padrões de comportamentos exigidos pelas demandas corporativas. Uma boa gestão captura todas as dimensões da vida humana na lógica da funcionalidade utilitária. O modelo biopolítico pretende produzir uma imanência absoluta da vida na racionalidade utilitária capturando todas as formas de vida e qualquer habilidade vital na lógica funcional mercantil, produtiva, lucrativa, entre outras. (CASTOR, 2015. p.11)

Agamben, como Foucault, coloca a questão: é possível pensar numa forma-de-vida que extrapole os dispositivos biopolíticos de controle social? É possível uma vida além da sua instrumentalização utilitária? É possível uma vida além da administração e do direito? A maquinaria biopolítica retroalimenta-se através da fabricação de modos de subjetivação acordes com a racionalidade instrumental. Agamben e Foucault exploraram em suas pesquisas a questão: há possibilidade de criar uma forma-de-vida como linha de fuga e resistência aos modelos instrumentais de subjetiva- ção? Os conceitos de fuga e resistência tornar-se-ão, nesta pesquisa, muito mais do que uma metáfora — a fuga será um princípio motivador das formas-de-vida pesquisadas por Agamben, e a resistência, uma prática de si recursiva destes modos de vida. (CASTOR, 2015. p.11)

Seguindo as trilhas abertas por Foucault, Agamben utilizou-se do método genealógico para analisar algumas práticas de subjetivação que não se sujeitaram docilmente ao modelo estabelecido, mas pretenderam criar novas formas-de-vida. Agamben explorou novos campos de pesquisa, talvez como ele mesmo declarou em entrevista, com o objetivo de complementar e interpelar as pesquisas de Foucault sobre a filosofia antiga e a genealogia do cristianismo medieval, interrompida pela morte prematura deste. Agamben encontra no monasticismo cristão uma experiência de forma- -de-vida original cuja genealogia oferece elementos críticos a serem explorados. (CASTOR, 2015. p.11)

 

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