1. IDENTIDADE E DIVERSIDADE

“Disso se segue que uma coisa não pode ter dois inícios de existência, nem duas coisas um único início,  sendo impossível para duas coisas da mesma espécie ser ou existir no mesmo instante no mesmíssimo lugar; ou uma e a mesma coisa, em diferentes lugares. Portanto, aquela que teve um início é a mesma coisa e a que teve um início diferente daquela no tempo e lugar não é a mesma, mas diversa” (Locke, p.170)

2. SUBSTÂNCIA

Locke reconhece 3 tipos de substâncias:

1. DEUS
2. INTELIGÊNCIAS FINITAS (imateriais)
3. CORPOS (materiais)

3. PRINCÍPIO DA INDIVIDUALIZAÇÃO

“é a própria existência que determina um ser de qualquer tipo a um tempo e lugar particulares, os quais não podem ser compartilhados por dois seres da mesma espécie.” (Locke, p.170)

4. A IDENTIDADE DOS VEGETAIS E ANIMAIS

Locke considera os vegetais e animais como sendo constituídos da substância CORPOS, onde sua existência está vinculada à existência do organismo vivo

5. IDENTIDADE DO HOMEM

“Presumo que não é somente a ideia de ser pensante ou racional que constitui a ideia de homem na opinião da maioria das pessoas, mas a de um corpo com este ou aquele formato unido a ele; e, se essa for a ideia de homem, o mesmo corpo sucessivo, que não é alterado todo de uma vez, deve, assim como o mesmo espírito imaterial, contribuir para a constituição do mesmo homem.” (Locke, p.176)

A identidade do homem é a existência de sua matéria corpórea.

6. IDENTIDADE PESSOAL (IP)

Primeiro ponto: O que é pessoa?

“Pessoa, penso eu, é um ser pensante inteligente que tem razão e reflexão e pode considerar a si mesmo como si mesmo a mesma coisa pensante em diferentes tempos e lugares, o que é feito somente pela consciência, que é inseparável do pensamento e, como me parece, lhe é essencial: é impossível para qualquer um perceber sem perceber que percebe.” (Locke, p.176)

6. IDENTIDADE PESSOAL (IP)

A identidade pessoal de um ser pensante, não-corpóreo, é sua consciência de reconhecer a si mesmo como a si mesmo, independente do tempo e lugar em que isso ocorre. Locke usa a metáfora de que o ser pensante seria o homem e, suas roupas, seu corpo físico. Desta forma, por mais que o homem viesse a trocar as suas roupas ao longo do tempo, ainda assim seria o mesmo, pois independente da roupa conseguiria se reconhecer a si mesmo como a si mesmo. 

7. A IP na mudança de substância corpórea

A identidade pessoal poderia persistir em diferentes substâncias da mesma forma que continuamos sendo a mesma pessoa quando, por exemplo, tivéssemos uma parte do nosso corpo amputada.

8. A IP na mudança de substância pensante

“Contudo, a questão é: se a mesma substância, que pensa, for mudada, pode ser a mesma pessoa ou, permanecendo a mesma, pode ser diferentes pessoas.” (Locke, p.178)

8. A IP na mudança de substância pensante

Questão:

Quando dois seres pensantes, separados no espaço tempo, possuírem a mesma consciência, seriam a mesma pessoa ou seriam pessoas diferentes?

8. A IP na mudança de substância pensante

Segundo Locke, é a consciência une as existências, mas seria a lembrança de nossas existências anteriores que definiram se seríamos ou não a mesma pessoa?

Quando dois seres pensantes, separados no espaço tempo, possuírem a mesma consciência, seriam a mesma pessoa?

9. Para Locke: A Consciência constitui a mesma pessoa

“Contudo, apesar de a mesma substância imaterial ou alma, esteja onde estiver e em que estado for, não constituir sozinha o mesmo homem, ainda assim é claro que é a consciência, tanto quanto puder se estender, mesmo a épocas passadas, que une existências e ações muito remotas no tempo numa mesma pessoa, bem como une a existência e ações do momento imediatamente precedente, de modo que o que quer que tenha a consciência de ações presentes e passadas é a mesma pessoa a quem ambas pertencem.” (Locke, p.181)

9. Para Locke: A Consciência constitui a mesma pessoa

“Nada senão a consciência pode unir existências remotas na mesma pessoa, a identidade de substância não fará isso, pois, seja qual for a substância que exista, o modo como estiver moldada, sem a consciência, não há pessoa: ou um cadáver poderia ser uma pessoa, assim como qualquer tipo de substância poderia sê-lo sem consciência.” (Locke, p.184)

Ainda somos a mesma pessoa, tenhamos ou não lembrança de nossas ações passadas (ainda assim seria a mesma consciência).

10. Crítica à IP de Locke

1- Qualquer pensamento ocorre somente por meio do corpo físico

10. Crítica à IP de Locke

2- O pensamento, apesar de imaterial, não existiria sem o corpo físico

10. Crítica à IP de Locke

3- Logo, é mais aceitável pensar que a identidade pessoal é consciência do ser pensante enquanto homem

(seria uma hipótese mais razoável do que aceitar a dúvida: para onde vai a consciência ou o pensamento quando morre o corpo físico?)

10. Crítica à IP de Locke

Conclusão:

A visão de que o pensamento é algo imaterial é uma saída racional para um fenômeno que não encontra explicação empírica, porém essa saída racional parece ter menos senso lógico do que se afirmar que o pensamento é algo fisicamente manifesto e, portanto, limitado à uma existência física.